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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Diafragma – Controlando a exposição (parte 1)


O controle da exposição (tratamos um pouco disso no primeiro texto da série, no link), é feito por dois dispositivos na câmera, o diafragma e o obturador. Nesse texto trataremos do diafragma para depois tratarmos do controle do tempo de exposição no obturador.
O diafragma é composto por uma série de lâminas que, por meio de um controle, regula o que seria o tamanho do “furo” por onde a luz passa, mais a frente quando tratarmos da reciprocidade – no final da série de textos – teremos uma analogia onde o diafragma faz o controle da vazão. Note que, algumas câmeras compactas não possuem diafragma, realizando um controle análogo com um filtro de densidade neutra (escurecendo como fazemos com o uso de óculos de sol).
A abertura do diafragma é indicada por um número chamado de f-spot. Esse número não é o valor nominal da abertura (tamanho do furo em milímetros) ele é um indicador simbólico da abertura e seu valor numérico é obtido pela relação entre o comprimento focal e o diâmetro do diafragma. Nessa relação quanto maior o diâmetro (denominador da fração) do diafragma, menor será o número “f”. Isso faz com que iniciantes de fotografia se confundam quando falamos em grande abertura e se apresenta um número pequeno apara representar essa abertura.
A abertura máxima de uma lente sempre está indicada na lente, na notação f/# (ou 1:#), lentes zoom (comprimento focal variável) podem ter a notação com dois números, a maior abertura para o menor e maior comprimento focal da lente (na forma f/A-B ou 1:A-B), quando possuem a notação com apenas um número, são lentes com abertura máxima constante (normalmente mais caras e se maior qualidade). 
Lentes com grande abertura máxima, são chamadas de lentes claras ou rápidas (esse último termo reflete a possibilidade de se usar velocidade rápida – pouco tempo de exposição – de obturador em condições de pouca luz).
Os valores de número “f” (abertura) são normalmente: 1.2, 1.4, 2, 2.8, 4, 5.6, 8, 11, 16, 22, 32. As câmeras com esse tipo de controle podem permitir ajustes a cada f-stop, a cada meio f-stop, ou a cada terça parte. Ao passar de um f-stop menor para o próximo (não a terça parte) se está dividindo por dois a quantidade de luz que passa pelo “furo”, ao se passar de um para o anterior, se está dobrando a quantidade de luz. Lembrando que um número grande no f-spot, representa uma pequena abertura.
Nas câmeras DSLR e compactas avançadas, podemos ter controle da abertura do diafragma sem nos preocuparmos com o resto da exposição, a câmera calculará (como explicado no primeiro texto da série, no uso do modo P) o valor para o tempo de exposição (e o ISO se for deixado no automático), lembrando que ainda será possível compensar a exposição como explicado (veja o manual da sua câmera). Esse modo é chamado de prioridade de abertura é costuma ser indicado por “A” (ou “Av”) no seletor de modos de exposição da câmera.
Controlar a abertura é útil para podermos controlar a chamada profundidade de campo (qual porção da cena será tida como nítida em torno do ponto de foco ótimo). Quando diminuímos muito a abertura (número f grande) estamos aumentando a profundidade de campo. Desejamos isso, quando estamos fotografando uma paisagem e queremos que, tanto a parte mais próxima quando a mais distante da cena estejam, perceptivelmente, em foco. Quando queremos destacar o assunto principal da cena, num retrato por exemplo, escolhemos uma profundidade de campo pequena e fazemos o fundo desfocado, com uma grande abertura de diafragma (número f pequeno).
Infelizmente, não é exatamente o valor do número f (pequeno) que faz com que a profundidade de campo seja pequena, o principal responsável pelo controle do foco seletivo é o tamanho do “furo” a abertura real do diafragma (o denominador na relação entre o comprimento focal e o diâmetro do diafragma), quando maior a abertura, menos profundidade de campo temos. É exatamente por esse motivo que se tem grande dificuldade de se fazer retratos com fundo desfocado usando câmeras compactas. Podemos experimentar isso, nas câmeras em lente de foco no infinito - pinhole – onde, quanto menor o furo, maior a nitidez da imagem, mas também maior o tempo de exposição necessário para a captura.
No próximo texto trataremos do outro componente do controle da exposição, o obturador, até lá.

(Este texto foi publicado originalmente na edição 13 da revista Fotomania)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Balanço de Branco – entenda como sua câmera funciona e faça fotos melhores


Continuando nossa jornada para conhecer melhor como nossas câmeras funcionam. Um outro elemento importante para que consigamos fazer fotos melhores é o controle do balanço de branco.
Apesar do sensor digital ser inspirado no funcionamento dos nossos olhos(1), ele não é exatamente igual, pois nosso cérebro consegue identificar cores e ajustar o que seria o branco de forma bem precisa, mesmo sob condições extremas de iluminação. O “cérebro” da câmera, seu processador e o programa embutido (firmware) pode não ser tão bom em fazer isso, causando uma deturpação de cores na imagem capturada.
Todas as câmeras digitais que eu conheço e já olhei o manual, possuem um modo automático de balanço de branco, muitas o chamam de AWB (Automatic White Balance) e a maioria doas pessoas quase nunca tiram a câmera desse modo. A maioria das câmeras possuem outros 6 modos de balanço de branco, Sol, Sombra (quando está sol, mas fotografamos na sombra), Nublado, Iluminação Fluorescente, Iluminação Incandescente e Flash. Algumas câmeras possuem dois ou três opções para iluminação fluorescente (as brancas e as amarelas). Câmeras com mais recursos podem vir com um modo de ajuste manual, esse pode ser feito com base numa foto de algo branco com a iluminação do ambiente e também com base na temperatura de cor(2), as vezes ambos os modos.
As câmeras mais atuais estão ficando muito boas no ajuste automático do balanço de branco, mas as vezes essa facilidade faz com que a câmera demore (fique lenta) para fazer a captura da imagem ou para converter e gravar a imagem no cartão de memória. Também tem o caso em que as fotos no modo automático não fiquem boas. Então é indicado que se experimente as opções de balanço de branco que sua câmera oferece.
Por exemplo, minha DSLR, faz fotos melhores com o flash quando eu seleciono o balanço de branco para o automático, é um contra senso, pois existe o balanço de branco flash. Quando eu fotografo no sol, fico com fotos mais bonitas ao usar o modo Sol, mesmo que esteja fotografando uma cena de sombra(3). E, quando estou num dia nublado, costumo usar o balanço de branco nublado, a menos que eu esteja num ambiente com muitas árvores (uso o modo Sol nesse caso), pois as imagens costumam ficar esverdeadas e “lavadas”.
Nem sempre a configuração de balanço de branco que parece ser a correta é a que resulta numa imagem mais bonita, usar o modo automático numa foto dentro de casa com iluminação fluorescente, pode resultar (em algumas câmeras) e fotos com um brilho esverdeado, isso certamente acontecerá se for usado o balanço de branco Sol, nessa mesma situação.
Usar o modo automático num por de sol, pode resultar numa foto comum, o mesmo vale para se configurar o modo Sol. Mas, se configurar o modo de balanço de branco para Nublado, aumentará muito os tons de amarelos e laranjas na imagem. Muitas câmera modernas fazem isso, quando detectam automaticamente (modo completamente automático, algumas marcas falam em “modo inteligente”) que se está fotografando um por de sol.
Para usar ativamente a configuração de balanço de branco, não se deve estar no modo completamente automático da câmera (quadrinho verde, palavra AUTO), deve-se usar ao menos o modo “P”, pois ele permite que se escolha configurações personalizadas.
Eu, como eu venho da fotografia do tempo do filme, costumo sempre usar o modo Sol, configurado na minha câmera, mesmo quando está nublado. Só troco para outro modo quando preciso, quando a imagem capturada não fica boa.
Ao se alterar o balanço de branco, é importante sempre se lembrar de retornar para o modo automático ou sempre escolher ativamente qual modo será usado, pois uma imagem capturada com o modo errado só poderá ser consertada com algum trabalho num editor de imagens.
Finalmente, quem possui uma câmera que armazena a imagem RAW e faz uso disso, em vez de gravar as imagens em JPEG (comum em todas as câmeras), pode fazer a escolha de balanço de branco no pós-processamento.
(1) Nas câmera digitais se pode ajustar o balanço de branco, na fotografia convencional (filme), cada filme tem um balanço de branco, o mais comum é o para a luz do sol, mas existiam filmes para iluminação incandescente e fluorescente. Além de ser possível compensar isso usando filtros na frente da lente.
(2) Temperatura de cor é um assunto para ser visto com mais profundidade, num texto adicional.
(3) É importe notar que o balanço de branco deve ser ajustado para a cena a ser fotografada e não para onde o fotógrafo está.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Medição de luz


Sempre digo que a melhor forma de se começar fazer fotos melhores (ou menos piores) é conhecer bem como seu equipamento funciona. Uma boa leitura do manual da câmera, não a simples leitura, mas a leitura acompanhada de testes de tudo o que está lá, mesmo não entendendo bem o que se está fazendo, ajuda muito nisso. Nem todo manual cobre alguns assuntos básicos, com esse texto começamos a explorar alguns desses tópicos.
Fotografar é capturar a luz. Sem luz não existe fotografia. Por isso é preciso entender de luz para se poder fazer boas fotografias. Além de entender de luz, é preciso entender como se pode medir a luz para se poder configurar a câmera de forma a se obter o resultado desejado. A principio não existe certo ou errado numa foto mais clara ou mais escura, vai pelo desejo do fotógrafo – o que ele deseja expressar.
Quase toda câmera possui um componente interno responsável pela medição da luz da cena. Esse tipo de medição de luz – feito pela câmera – é chamado de medição de luz refletida, pois a câmera está medindo a luz que é refletida pelos objetos da cena (essa medição pode misturar a luz refletida com a emitida por fontes de luz do ambiente, caso elas estejam sendo enquadradas na cena). Outra forma de medir a luz, é a medição da luz incidente, quando se mede a luz que está chegando aos objetos da cena, essa medição é mais precisa e é usada em fotografia no estúdio.

Quando usamos o modo automático de medição de luz para a exposição, a câmera mede a luz e atribui valores de tempo de exposição e abertura de diafragma de forma automática, podendo resultar numa foto escura ou clara demais dependendo da luz que é refletida pelos objetos em cena.
Até câmeras digitais compactas básicas, possuem opções de como a câmera irá calcular e definir a exposição em função da medição da luz (os modos de exposição). Normalmente temos, um modo automático, um modo chamado de “P” e alguns modos de cena (neve, sol, contra luz, esporte, cena noturna, etc). Algumas compactas mais modernas possuem um “modo inteligente”, onde a câmera usa algum algorítimo (coisa de computação) para decidir como a foto será capturada. Câmeras mais avançadas possuem modos de prioridade (abertura e tempo de exposição) além do modo manual.
Por melhor que seja a câmera, a medição da luz refletida pelos objetos em cena, não é precisa. Pois, alguns objetos refletem mais luz do que outros, sem contar as fontes de luz que podem estar na cena (o sol, num por de sol, uma forte lâmpada do ambiente, etc.).
A forma mais básica de medição de luz da cena tem como base que tudo em cena reflete 18% da luz incidente (o chamado cinza médio). Isso pode ser válido para uma fotografia de uma cena de paisagem ampla sem muitas nuvens brancas e vales na sombra, mas se formos fotografar um monte de gente vestida de branco sob o sol num campo nevado (pode ser uma praia com areia clara) e usarmos o modo automático básico da câmera, teremos uma fotografia cinzenta ou de um tom azulado (o tom azulado em fotos coloridas depende do balanço de branco, assunto para outro texto).
Para resolver esse “problema” podemos usar o modo “P” e informar a câmera que acena tem mais luz refletida pelos objetos. Faz-se isso acionando um botão com um +/- e alguma seta para direita (consulte o manual da sua câmera deve ter um título do tipo “Compensação de medição de luz”) Normalmente é mostrado, na tela da câmera, uma régua graduada de -2 até +2 com um indicador de posição.
O modo “P” serve para que passemos a ter mais controle sobre a imagem capturada. Diversas câmeras tem ótima medição de luz “inteligente”, mas demoram a fazer a foto, devido ao algorítimo de análise da imagem, entre acionamento do disparador e a efetiva captura. Algumas vezes ocorre um disparo do flash (pré-disparo) para que a cena possa ser identificada, isso pode fazer com que as pessoas saiam da pose ou sejam alertadas sobre a foto, perdendo um momento espontâneo.
Além dos modos de exposição (Auto, “P”, etc.), algumas câmeras possuem modos de medição de luz, para que se possa decidir como a luz será medida. O mais comum, presente em todas as câmeras, é o modo matricial, onde todo o quadro da cena é usado para o cálculo da medição da luz. Outros modos comuns são:
  1. Modo central, onde a luz é medida numa região central do quadro da imagem;
  2. Modo pontual, parecido com o central mas numa região bem menor, quase um ponto;
  3. Modo ponderado ao centro, parecido com o central, mas leva em conta o resto do quadro, quanto mais para a borda menos peso na medição.
Esses modos de medição da luz, nas câmeras DSLR e na maioria das compactas, age na região fixa dentro do quadro da imagem. Algumas compactas podem associar os pontos de medição de luz a região de foco, é preciso ler atentamente o manual para se poder tirar melhor proveito dessa característica. Quando a câmera não atrela a medição de luz ao ponto de foco pode ser interessante travar a medição e depois fazer o reenquadramento e ajuste de foco. Essa função é chamada AE-Lock (Auto Exposure Lock – trava de exposição).
Este é um básico de conceito para se explorar a medição de luz na sua câmera, aproveitando melhor o que sua câmera pode fazer. Lembre de consultar o manual de sua câmera para saber o que ela oferece de recursos.
Bons estudos.
Flávio RB
OBS.: Este texto foi originalmente publicado na edição 11 da Revista Fotomania.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Fotografia em P&B – configurando direto na câmera

Não tenho muito gosto para ficar horas na frente do computador editando fotografias e, se for para fazer uma configuração básica (script do editor) para fazer o processo automatizado, prefiro fazer as configurações na própria câmera e já ter a saída do jeito que gosto.

Configurar a câmera para fazer as fotos P&B tem vantagens e desvantagens. Na lista das desvantagens, a que mais me preocupa é não ter uma versão colorida da imagem para poder ver e aproveitar. Mas, se a câmera tiver opção de fotografar em RAW e JPEG simultaneamente (ou ser como algumas compactas, que, quando seleciona imagem P&B, fazem as duas versões JPEG) isso deixa de ser problema.

Como principal vantagem de se fazer um P&B na própria câmera, vejo o fato de não precisar ficar horas aprendendo como editar uma imagem colorida (RGB), para que ela fique com um P&B de boa qualidade, muitos programas de edição tem plug-in específicos para isso, mas demandam um tempo extra de aprendizado. Para mim, tempo de aprendizado longo no computador inibe um iniciante em fotografia a ter o foco onde realmente é importante para o iniciante, fazer uma boa fotografia (luz bem medida ao menos) antes de aprender a tratar a fotografia.

Uma conversão na própria câmera,  é feita antes do processo que mistura o mosaico RBG do sensor (*) para gerar um arquivo final RGB (quem fotografa em RAW, faz esse e outros processos no computador em vez de no processador da câmera, mas isso é outra história – escreverei sobre isso em outra oportunidade). É claro que a mistura do mosaico vai ocorrer, mas não será feita da mesma forma que o processo para se agrupar os pixels individuais de cada cor (filtros na superfície do sensor) em um único pixel RBG. Um fotógrafo experiente em filme P&B pode aproveita essa facilidade da conversão interna na câmera para usar todos os filtros óticos na frente da lente e não ter que aprender um monte de coisas do processo de edição na pós produção.

Ao fazer a conversão na própria câmera, principalmente em DSLR (compactas avançadas também costuma ter) é possível simular o uso dos filtros coloridos, que podiam (continuam podendo, como dito acima) ser colocados na lente para acentuar ou suavizar certos tons de cinza para certas cores da cena. É claro que isso poder ser feito no computador, mas, para um iniciante, poder contar com um resultado imediato facilita o aprendizado dos conceitos antes dele ter que ficar lendo um monte de informações para compreender como editar suas fotografias.

O mundo ideal para se fazer uma fotografia P&B digital, seria que as câmeras tivessem um sensor específico para o P&B, internamente um sensor tem um mosaico de pontos com filtro que só deixam passar uma das cores primárias RGB para cada ponto. Gostaria que existisse uma câmera digital que eu pudesse trocar o sensor retirando o para cor e colocando o para P&B dependendo do que desejo fazer, acho que um sensor especializado faria fotografias P&B com mais nuances de cinza, como nos bons filmes, que uma conversão mesmo feita diretamente no mosaico.

Bom estudo e boas fotos.

Flávio RB

(*) Cada fabricante de sensor, tem a sua forma de geometria do mosaico RGB, alguns colocando um pixel de contraste, outros deixam mais pixels verdes que azul e vermelho (com base na fisiologia do olho humano). Também existe um tipo de sensor – Foveon – construído em camadas, que funciona da mesma forma que os filmes fotográficos coloridos.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Fotografia em P&B - Um curso

Essa semana, mais precisamente na terça feira, comecei um curso de fotografia preto e branco com o Mestre brasileiro da fotografia colorida, Walter Firmo.

Eu estava precisando de um tempo para refletir sobre o ato fotográfico, e resolvi fazer um curso.

Um curso é uma forma de estimular a reflexão além de introduzir uma visão mais formal sobre a fotografia. Terei a oportunidade de conhecer ainda mais um grande mestra da fotografia (*), ter acesso a visão dele sobre sobre a fotografia, além de escutar o que ele diz sobre outros grandes mestres (os mestres dele).

Acho que teremos algumas postagens onde comentarei minha jornada de volta onde comecei na fotografia, meu primeiro curso em 1991 foi com preto e branco. Além disso meu pai, com quem aprendi a gostar de fotografia, fotografava sempre em P&B.

Espero ter muita coisa para falar nesses três meses. É bom escrever ou conversar sobre o que se está estudando, pois podemos organizar nossos pensamentos de forma estruturada.

Devo ter postagens sobre como faço minhas fotos, postagens com fotos e postagens com sugestão de leituras.

Comecei essa ideia de retornar ao P&B, faz alguns meses, o tempo que o embrião de uma brincadeira do clube de fotografia, levou para se desenvolver. Nesse tempo escrevi um texto (vou ampliá-lo e postar aqui, em breve) sobre fotografar P&B configurando isso direto na câmera.

Por hoje é só. Fica a dica para meus leitores pensarem em fazer um curso mais voltado para abrir a mente, fazer pensar fora da caixa do ato puramente técnico.

Esse texto não permitirá comentários, pois é apenas um anúncio de minhas atividades.

Espero que gostem do que está por vir.

Flávio RB

(*) Já ando com esse Mestre em um projeto em grupo que encaro como o inicio de uma jornada de desenvolvimento pessoal.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Como fotografar a Lua - Regra Sunny 16

Todos gostam de ver a lua cheia no céu e melhor ainda é poder fazer uma bela fotografia dela. Então, você prepara a câmera, aponta para a lua, ajusta o zoom para fazer aquela aproximação e só consegue uma grande mancha branca. Onde estão os detalhes as crateras e todo o resto que podemos ver, até mesmo, a olho nu?

O que é preciso para fazer a foto:
  1. A câmera (é claro), com ajuste manual e ao menos um temporizador para que não se trema caso a velocidade indicada seja baixa relativamente ao comprimento focal utilizado;
  2. Um tripé ou um bom ponto de apoio para a câmera.
Algumas dicas para fazer fotos no tripé ou num ponto de apoio bem estável:
  1. Se tiver como, desative o sistema de estabilizador de imagens, pois a câmera vai estar parada e pode acionar o sistema fazendo a imagem parecer tremida justamente devido a isso (algum movimento de nuvens, o vento numa árvore, algum pássaro ou morcego passando podem enganar o sistema de estabilização da câmera).
  2. Utilize um sistema de disparo remoto, pode ser um cabo, o controle remoto sem fio (algumas cúmeras possuem), ou aquele temporizador de 2 segundos que não serve para agente sair nas fotos de grupo. Faz-se isso para evitar que o acionamento do botão disparador cause tremor na imagem.
  3. Se você utiliza uma SLR, use o sistema de trava de espelho (a maioria das SLR possui). Com o acionamento remoto ele exige que se acione o disparador duas vezes, uma para levantar o espelho e outra para acionar o obturador, no temporizador de 2 segundos o seu acionamento é automático, em 1 segundo a câmera levanta o espelho e depois aciona o obturador.
  4. Se sua câmera tiver algum modo de trava de foco, mesmo que se tenha que passar para o foco manual use-o, isso evitará que a câmera faça o foco automático no temporizador (algumas câmeras acionam o foco quando no temporizador). Novamente, numa SLR, se for usar foco manual faça o ajuste de dioptria antes de fazer o foco, pois se você usa óculos e estiver fazendo o foco sem eles terá problemas com acertar o foco, muitas SLR tem sistema de trava de foco, mas é mais fácil fazer o foco automático e depois desligar o controle de autofoco (normalmente na lente).
Se por acaso for fazer a foto na mão terá que usar a velocidade de obturador mais alta. Mesmo com os sistemas de estabilização de imagens, pode ser interessante usar uma velocidade de obturador igual ao inverso do comprimento focal equivalente utilizado, essa questão da velocidade tem uma longa explicação e não cabe aqui ficar explicando isso, afinal queremos apenas fotografar a lua e depois saber o porque dos ajustes indicados.

Recomendo fortemente o uso de um tripé, principalmente se você utilizar uma câmeras superzoom que podem chegar até o equivalente, relativo a uma câmera de filme 135, a 800mm de comprimento focal.

Finalmente vamos aos ajustes, estou considerando a foto com a câmera num tripé ou em superfície estável.

Primeiramente, ajuste o ISO para o mais baixo que sua câmera permitir, para a maioria das DSLR esse valor é 100, nas Nikon de entrada é 200 e muitas suporzoom tem ISO 80 como o menor. O uso do menor ISO serve justamente para se ter o menor nível de ruido para a sua foto, isso aumenta a nitidez. Nem sempre o ISO mais baixo é o melhor da câmera, o melhor ISO de uma câmera é o menor valor em modo padrão, sem ser os modos de expansão ou redução de sensibilidade, pois esses são feitos por software, podendo prejudicar a nitidez.

Depois ajuste a velocidade de exposição para o inverso do valor do ISO ou o mais próximo desse valor que sua câmera possua. Se seu ajuste for ISO 100, as câmeras costumam ter velocidade 1/100, se o ISO menor for 80 use 1/80 no tempo de exposição e se for ISO 200, use 1/200 no tempo de exposição.

Agora vem o “truque”, a famosa regra Sunny 16. Quem é do tempo de fotografia com filme deve lembrar de uma tabelinha presente nas caixas de filmes, se você comprasse um filme ISO 100, lá tinha a informação para usar tempo de exposição 1/100 (ou 1/125, algumas câmeras não tinham ajuste da terça parte de um ponto de EV para o tempo ou diafragma – isso é outra longa história), e fazer o seguinte ajuste de abertura de diafragma de acordo com a cena:
  1. Luz do sol direta na areia ou na neve (sombras duras e bem definidas), usar abertura f/16;
  2. Luz do sol moderada (sombras levemente definidas), usar abertura f/11;
  3. Nublado suave (sombras pouco definidas), aberturas f/8;
  4. Nublado forte (sem definição de sombras), abertura f/5.6;
  5. Por do sol ou tempestade a vista, abertura f/4;
O que isso tem a ver com a luz que está na lua? Exatamente, qual a luz que está batendo na lua cheia? Sol forte direto em areia (ou algo parecido com areia).

Então, para fotografar a lua e ter um bom resultado, deve-se usar a velocidade de exposição igual ao inverso do ISO utilizado (isso vale para filme gente) e colocar a abertura do diafragma em f/16.

Pronto, simples assim. Faça uma foto e veja se ficou claro ou escuro e pode diminuir ou aumentar o tempo de exposição (existem pequenas variações no ajuste de ISO ou na precisão do tempo de exposição das câmeras (no tempo de filme se corrigia isso na ampliação da foto). Pode ser recomendável, principalmente para câmeras digitais, deixar o resultado um pouco escuro e tratar o contraste e brilho no computador (pode ser no ajuste da curva), isso vai dar mais detalhes nas regiões de sombra.

Um problema que você pode enfrentar é sua câmera não ter abertura de diafragma f/16, ela termina em f/8 (muitas compactas podem ser assim). Como o diafragma está dois pontos mais aberto (de f/16 (se passa para f/11 e depois para f/8, dois pontos), diminua o tempo de exposição dois pontos (note que não são dois terços de ponto). Se o tempo de exposição seria 1/100 (supondo ISO 100), você deve usar 1/400 do segundo (um ponto passaria para 1/200 e o segundo ponto para 1/400) no tempo de exposição, isso é a regra de reciprocidade entre o tempo de exposição e a abertura do diafragma. Cada ponto a mais dobra a quantidade de luz e cada ponto a menso divide por dois a quantidade de luz, mas isso é outra história.

Espero que tenham gostado e boas fotos na próxima lua cheia.

Flávio RB
Este texto foi, originalmente, publicado no site da Revista Fotomania, tendo sofrido algumas alterações (revisão) para essa publicação. O texto, também pode ser encontrado no portal do RioFotográfico.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Comprimento focal: lente para DSLR ou câmera superzoom

Este é mais um texto que foi inspirado numa resposta que dei para uma pergunta no Yahoo!Respostas.

Vejam a pergunta e a resposta original aqui, caso não tenha sido apagada.

A pergunta foi basicamente sobre a diferença entre comprar uma lente 70-300mm para usar na câmera D3100 ou comprar uma superzoom, no caso, uma Nikon P500.

O zoom da Nikon P500 é equivalente em câmera de filme 135 (o famoso 35mm) a um zoom 23-810mm, os 36x é uma aproximação da divisão de 810 por 23.

A lente 70-300mm seria uma lente 4,28x, mas o numero de x não quer dizer muito. A aproximação tem a ver com o ângulo de visão proporcionado pela lente. Essa medida em milímetros dá uma ideia da aproximação. Mas tem que levar em conta o tamanho do sensor também.

Numa DSLR temos sensores de tamanhos diferentes e as lentes usam a media de comprimento focal, mas o ângulo de visão será diferente, uma câmera com sensor um pouco menor que o tamanho do fotograma do filme. Teremos um fator de multiplicação (fator de corte) para aplicar e ter a visão equivalente.

No caso da sua câmera, Nikon D3100 (como muitas outras da Nikon), esse fator de multiplicação é 1.5, então a lente 70-300mm tem um ângulo de visão equivalente a uma lente 105-450mm para uma câmera full-frame.

Essa diferença é somente no ângulo de visão, outros fatores, como deformação esférica e aproximação de planos dependem da geometria ótica das lentes. Num lente para câmera DSLR, ocorre devido ao focal real da lente.

Nas superzoom, a geometria ótica do conjunto de lentes que compõem a objetiva, pode fazer com que ocorra maior ou menor aproximação de planos, é algo que varia da câmera para câmera. Nas DSLR, mesmo as lentes construídas para câmeras com sensores menor (as EF-S da Canon ou as DX da Nikon, por exemplo), possuem a geometria ótica equivalente a uma lente de mesmo comprimento focal feitas para uma câmera de filme 135 ou sensor full-frame.

Voltando ao assunto, como dito acima, a aproximação é relacionada ao ângulo de visão que pode ser comparado com o comprimento focal equivalente da lente na câmera. Quanto maior o comprimento focal equivalente, maior a aproximação. Então a Nikon P500, vai aproximar mais que uma lente 70-300mm na sua D3100.

Note que, devido ao tamanho pequeno do sensor, a qualidade da imagem da Nikon P500 é bem inferior a da Nikon D3100. Acho que você deve levar isso em consideração também.

Se decidir que quer uma superzoom, como alternativa, sugiro comparar outros modelos de outras marcas também. Não encontramos uma superzoom com qualidade de imagem de uma DSLR, mas existe variação grande entre os vários modelos de superzoom no mercado.

Espero estar ajudando.

Flávio RB